não se reprima.

terça-feira, 22 de março de 2011

Eternamente.

- Posso te contar uma história?
- Claro!
- Então tá! Era uma vez você e eu.
- Só isso?
- Sim.
- E não tem fim?
- É, essa é a minha parte preferida..

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Apenas um sorriso.

As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derramando floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se derreteria.

(O Caçador de Pipas. Khaled Hosseini) 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O que é amor pra você?

- Então Charlie Brow, o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.
... Acho que isso é amor.
 
 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dilacera, mas passa.




Chorei. Assim como vinha deixando que o berreiro se fizesse vivo, dei início à sessão das lágrimas no sofá, ao olhar algumas fotos, já velhas e por mim cuidadas, e a tarde de sentimentos estranhos e intrínsecos. Bem verdade que vinha me emocionando com facilidade, e sem motivo aparente. Com reportagens banais, e músicas melancólicas. Nos livros que tenho lido, e no escuro, sozinha e imersa na minha tristeza que nem ao menos consigo compreender. Com soluços. Sem pausas. Extirpando toda essa dor que vem, e não passa, e quando vira felicidade, de tão aguda, se torna insuportável. Quase um sentimento hemofílico, que não estabiliza nunca: quando começa a cicatrizar, não processa bem; é ferida aberta, cutucada. 
Mais uma vez, solitária no mundo, sentada sem vista pra rua, com essa incompreensão no peito e uma angústia que não desgruda de vez. Enquanto todos me dizem que preciso ser forte, que o silêncio é arma, a indiferença é o que mata, e viver é preciso, meu único pensamento é em comprar passagens aéreas e sumir pelo mundo. Deliberar sem mais recados, fugir de toda essa loucura que acomete as pessoas, o medo nojento que os outros têm de dar amor, e receber também em troca. A falta de 'vergonha na cara'. Ou talvez, a tão esperada ilusão. E, principalmente, essa coisa voraz que muitas pessoas se submetem a novas experiências, e a perdem: a maldita consideração; ou melhor, a tão temida por mim, falta da mesma. 
Nos dias de hoje, não se tem mais em quem confiar. Confia-se em uma pessoa, lhe entrega seu coração, através de seus maiores segredos. Os cadeados por mim, em chave de Rubi. Troca-lhe um dos sentimentos mais bonitos e mais precisos: a amizade. E, depois de anos da mesma. Ou melhor, do que pensávamos que era. Por motivos não tão grandes a meu ver, mas que quando acontecem, destroem sem percepção, um coisas que durou anos. Uma coisa que muitos acreditavam; não durar pra sempre; mas enquanto uma precisa-se da outra. Engano seu. Ninguém mais precisa de ninguém. Tem-se o tal líder, que líder só tem o nome. E falta-se, a consideração. 
Aquela mesma que você já deixou de ter, aquela mesma que você esnobou alguém por não demonstra-lá, ou; no dizer; aquela mesma que você falho. Aqui, comigo.
Como já dizia Sílvia Somenzi: " a consideração é uma espécie de reconhecimento; entre outras palavras." E assim a fez, vagamente. Quando você convive durante anos com uma pessoa, lhe conta segredos; muitos deles revelados, e pouco valor lhes dão. A pessoa, por mais erro que tenha cometido. Ou não. A 'prejudicada' em questão, deve-se relegar os fatos. Entender que 3 meses a mais, 8 meses a mais, 4 anos a mais; são de grande valia. Muitas destas pessoas, esquecem do quanto já fizeram por ela. Esquecem de agradecer, e o pior: reconhecer. UMA PUTA FALTA DE CONSIDERAÇÃO, se me permitem o vocabulário!
Fica difícil assim me focar em mim de imediato, em tudo que sinto, em curar a cada dia toda essa peste que me tomou o alma, e embeveceu a vivacidade que eu carreguei, até aqui: só se vê os defeitos, aquilo que precisa ser melhorado, e expectativas tão longínquas, que não satisfazem, e sim, enlouquecem. Só quando sozinha é que me deixo ficar meio down, e coloco o dedo na ferida. Escuto músicas sofríveis, e leio melancolias. Dói, mas passa. E esse desespero de me verem assim na fossa, mal à beça? Calma, que preciso escancarar essa dor até o final, que ela é só minha, e libertar o peito, a alma, o cuore. Tirar talvez um ódio de onde não consigo, e de quem não tenho, mesmo que passageiro, para que eu sobreponha no local onde ainda há quase tudo o que sinto, e que precisa ser esvaziado, pouco a pouco. Sair desse poço, largar de vez o osso, desses restos que não alimentam, e sim, atrofiam o que de belo existia, e se queria profundamente. Porque ainda é outubro, e está por frente o verão; que por mais pesar que me traga o fato deste calor infernal percorrendo minhas veias e artérias por meses, incansáveis meses; me trará novas e irradiantes oportunidades, que não hesitarei em torná-las possíveis, e logo mais, chegará a primavera novamente; que me deixa cortar e voltar sempre inteira. Terá passado tanto tempo, que as respostas chegarão sem medo e nem culpa, e voltarei a ser inteira como fui até certo tempo. Sem voltas comemoradas, e inexplicáveis. Sem apagar do caderno, mas riscar por cima o nome; ter astúcia suficiente de virar mais essa página pesarosa  Sem mais chances, que depois da segunda, a terceira não tem argumentos para vingar. É topando em pedras, que vislumbramos com mais atenção as flores que nascem, as gotas de orvalho da grama, a raiz de tudo. Desde os sentimentos mais profundos, profanos, ao mundo.

Ah, existe dedicatória sim. Mesmo que, está pessoa, não valha meu tempo perdido. :)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A era.

Estamos na era do fast-food e da digestão lenta, do homem grande de caráter pequeno, lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Você tem uma coisa nas mãos agora.

- Você tem um cigarro?
- Eu estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas, eu queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

(Caio F. Abreu)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sempre assim.

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: ‘eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também’. No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ‘tribalista’ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ‘alguém para amar’. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento.